Terça-feira, 29 de Janeiro de 2008

Sabes desenhar uma flor?

 

 

- Sabes desenhar uma flor ?

-..N..não, só sei fazer uma fisga.....

A pergunta tinha sido feita sem levantar os olhos do bloco de folhas brancas.

A resposta tinha sido dada num reflexo de estupefacção : ela tinha falado com ele!!!

Desde essa tarde de principio de Maio, muitos dias de Inverno tinham passado por ele.

Tinha feito fisgas, tinha espigado com força, tinha caçado pardais, tinha guardado porcos,... tinha guardado sonhos.

Abriu as mãos e olhou-as. O arado tinha-as lavrado fundo, havia sulcos de rega e crostas de seca por toda a superfície . Os dedos terminavam abruptamente, grossos como tocos de madeira, as unhas curtas e roídas estavam pespontadas a terra e suor. Abriu as mãos e olhou-as...os seus caminhos eram diferentes como a noite e o dia são.

Nunca se cruzavam...nem passavam perto.

Ela estava sentada num banquinho daqueles dos pic-nic , a desenhar um campo de margaridas. Um bloco de folhas brancas no colo, e uma caixa de lápis de cor pousada no chão mesmo ali ao lado.

- Sabes desenhar uma flor?.....

Até demais ela sabia.....

Ele não sabia desenhar uma flor . Ele nem sabia pegar no lápis.

- Não. só sei fazer uma fisga...

Deitou-lhe um olhar de soslaio. Uma fisga. Um objecto bárbaro e insignificante, perto do desenho sublime de uma flor .

Um dia tinha avistado o brilho dos cabelos dela. Passou num automóvel. Era Verão e traziam os vidros abertos. Era sempre Verão para ela.

Ele ficou semeado na terra a ver o carro desaparecer na curva lá adiante. E o brilho dos cabelos dela.

Eram da cor das searas em Junho. Os cabelos dela.

Estava sentado, encostado ao tronco antigo do sobreiro. Pousado ali mesmo ao lado, um caderno de folhas brancas. No seu colo, um lápis de carvão. E os olhos nas mão abertas.

Sorriu. Sorriu da sua teimosia. Passaram tantas sementeiras.

Puxou o caderno, e pegou no lápis.

 

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Original Zumbido por meldevespas às 16:30
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Quinta-feira, 24 de Janeiro de 2008

Estou aqui.

Cheguei já tarde.

Dormias. Tinhas deixado o teu corpo sozinho no colchão.

Fiz o que pediste. Fechei a porta atrás de mim.

Entrei de mansinho, sem sequer tocar com os pés no chão.

Fechei-a devagar, para não distrair os teus voos. Devagar, até ouvir o clique do fecho.

Nem foi preciso acender a luz. Tu sabes...conheço todos os cantos dos lugares onde pernoitas .

Eu sei que não gostas que fale nisso...mas...espreitei a gaveta da cómoda... estava mal fechada...ou mal aberta, como gostas de dizer.

Espreitei lá para dentro.

Sabes que tens lá perguntas a agonizar? Sabes não sabes?

Esquecidas...ou então escondidas...

Está bem. Calo-me já. Desculpa.

Só para saberes que cheguei enquanto voavas.

Está bem...não digo mais nada.

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Original Zumbido por meldevespas às 21:36
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Domingo, 20 de Janeiro de 2008

Estás a ouvir-me?

 

 

No fim do mundo havia uma porta.

No fim do mundo havia uma porta encostada. Nem aberta nem fechada. Só encostada, à espera de uma decisão.

Nem sequer era bem uma porta. Era uma entrada. Ou então uma saída. Era uma passagem.

Também não é certo afirmar que fosse ali o fim do mundo. Podia ser apenas o fim da rua, o fim do dia, ou o fim da noite. Ou então não.

Podia-se empurrar a porta e entrar...passar por ela e acordar diferente.

Ou podia puxar-se. Fechar perguntas e correntes de ar, do outro lado. Do lado de fora do fim do mundo.

As portas assim, nem abertas, nem fechadas... encostadas, sempre me deram medo.

As perguntas sempre me deram medo. As respostas ainda mais.

Se encontrares a porta encostada, podes entrar. Podes porque és tu.

Entra, mesmo que venhas do fim do mundo.

Entra e depois fecha bem a porta atrás de ti.

Podes ficar.

Mas não me faças perguntas.

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Original Zumbido por meldevespas às 22:41
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Segunda-feira, 14 de Janeiro de 2008

Pertencer

Sentia cada músculo das suas pernas. A subida era íngreme, e pedalar debaixo daquela chuva miudinha e pesada era ainda mais difícil .

Tinha enfiado o impermeável azul escuro, com  riscas amarelo fluorescente, e saíra para a rua sem se preocupar nem um segundo, com o facto das calças do fato de treino irem ficar ensopadas nos primeiros 50 metros da etapa.

Saía sempre à mesma hora, um pouco antes das 7 da manhã.

Ver o sol nascer à sua frente, era um espectáculo que se recusava perder.

Hoje a manhã estava arisca para andar de bicicleta. Soprava um vento forte, e a chuva parecia milhares de agulhas a baterem-lhe na cara. Mal conseguia manter os olhos abertos, mas ao mesmo tempo sentia-se mais viva que nunca.

Àquela hora havia ainda pouco movimento neste tipo de estradas, secundárias. Um tractor aqui e ali, a assinalar a sua marcha lenta com a luz do pirilampo, a carrinha do padeiro, que já ia na segunda volta a distribuir pelas aldeias da vizinhança, o autocarro que levava as crianças das redondezas até às escolas da vila, e pouco mais.

Tinha escolhido, uma aldeia perdida no sul do país, para fugir a uma vida de correrias, de metas por objectivos, de solidão consentida pela religião do dinheiro e da carreira.

Pareciam palavras vãs, mas pelo menos para ela tinham sido motivos mais que válidos para a fuga.

Fuga. Podia chamar-lhe assim. Aliás não podia ser de outra forma.

O apartamento mobilado, a quota no escritório, o companheiro de cama. Partira sem aviso.

O que era ontem, hoje deixara de ser.

Tinha finalmente apanhado a curva da encosta. Agora  tinha uns bons 2 km de recta, poderia dar descanso à pernas. O dia estava a clarear, e a chuva a enfraquecer. O vento porém soprava cada vez mais impiedoso.

A temperatura descera bastante durante a noite, apesar da chuva. Tinha as pontas dos dedos geladas, e por momentos odiou-se por ser tão distraída e não ter levado umas luvas.

Tirou as mãos do guiador, esfregou-as uma na outra e colocou-as em concha junto à boca, de modo a soprar-lhe uma baforada de ar quente.

Caramba! Estava mesmo um gelo. Sentia os pulmões picarem, e o coração bater a um ritmo acelerado. Tudo aquilo era a vida dela, a vida nela, a vida que ela na cidade grande não tinha conseguido descobrir dentro do seu ser.

Começavam a ver-se pequenas abertas no céu. Aqui e ali, rasgos de um azul eléctrico apareciam do nada e prateavam os riscos deixados pelos aviões.

Junto aos troncos das árvores permanecia ainda uma névoa ténue e húmida , que mesmo à luz do dia desenhava contornos esquivos e indecifráveis por entre os ramos.

Pedalava com quanta força tinha, para afastar da cabeça as contas que de vez em quando ainda deitava à vida. Sentia a pele da cara a arder. Os lábios, era certo , iriam estalar, ao mínimo gesto.

Nunca se lembrava de passar o creme. Era um creme caro. Tinha-o trazido da outra vida. Sabia que era por isso que relutava em usa-lo.

Levantou a mão para acenar a um pastor que conhecia dos seus passeios matinais, e abriu um sorriso e um amistoso bom dia. Sentiu de imediato o sabor quente e doce do seu próprio sangue. Já sabia! Devia ter posto o batom do cieiro, ou a porcaria do creme. O lábio estalou, e agora ardia mais ainda.

Era sempre efusiva e simpática para os habitantes dali. Já todos a conheciam,  e não se podia queixar de ser mal aceite, nem nada parecido.

Mas também não a olhavam como um dos seus pares . Era uma forasteira. Com usos e costumes muito diferentes das gentes dali.

Aquilo da bicicleta....Os calções curtos pra correr... Os olhos pintados...

Por vezes mais que uma forasteira, olhavam-na como uma alienígena . Isso divertia-a, mas também a incomodava. Sentia-se num limbo. Não era da cidade. Mas também não era dali. Não se encaixava em lugar nenhum. Questionava-se se não seria um pouco assim, com toda a gente?

Sabia bem que não.

 Aquelas pessoas eram daquele lugar. Tinham raízes ali, e olhavam de viés e com estranheza as suas atitudes.

O vento estava incansável, mas o sol aparecia a tempos, a descoberto das nuvens de um cinza chumbo carregado, que ameaçavam o dilúvio ainda antes da hora de almoço. Estava um daqueles dias de muitas caras, como algumas pessoas, chorava e sorria, conforme a vontade do vento, e lá ia consumindo as horas e as forças dela na pedaleira.

Tinha chegado à estrada nacional. Agora era fazer o caminho de regresso, mais 8 kms , e com sorte antes da chuva estava abrigada em casa.

Pelo menos hoje não tinha nada que fazer. Não havia compromissos, horas marcadas, pessoas à espera, decisões pendentes. Nada. Só a casa vazia à sua espera.

O dinheiro estava a dar as últimas, e tinha que ser célere em arranjar uma ocupação rentável naquele fim de mundo. Engraçado como sempre que falava de trabalho, não conseguia evitar referir-se ao seu refugio no campo, como "o fim do mundo"...

Se tinha saudades do que tinha ficado lá atrás? Soltou um suspiro e empenhou-se em pedalar, como se o tempo se estivesse a extinguir agora, neste mesmo instante.

Na berma da estrada, as vinhas, com as suas hastes  vermelhas, ainda despidas de parra, despertavam para a vida, para um novo ano de caudais abundantes. As amoreiras, na curva do monte, essas estavam tal como ela... sorriu, e num gemido sentiu o lábio estalar de novo. Estavam nuas. Vivas, é certo , mas num abandono e solidão de fazer doer o coração. Até os ninhos, lá no alto, no meio dos ramos estavam vazios. Ela também estava vazia.

Uma pega fez um voo rasante mesmo à sua frente. Um rato, ou outro bicharoco qualquer, de certeza !

O sol já mal se via, e as nuvens tinham tomado conta dos céus. Um autentico motim. Ainda faltavam mais de 2km , e já estava arrependida da extravagância deste passeio. Sentiu falta do escritório, com aquecimento central, e colaboradores à sua disposição o dia todo. O cheiro do café quente, a chuva a bater nos vidros duplos das janelas, as árvores lá fora a vergarem-se à força do vento!

Pedalou sem descansar. Não se permitiu olhar nada que não fosse o fim da estrada. Ainda não tinha tido o desprazer de apanhar com uma tempestade daquele calibre em cima de si! E não ia ser hoje!

Tinha recomeçado a chover. Mas não era aquela chuva miudinha da madrugada. Eram gotas grossas e cheias, vindas propositadamente para a castigar. Que raio lhe tinha passado pela cabeça para sair num dia assim! O vento era de tal ordem, que tinha agora dificuldade em equilibrar-se em cima da bicicleta.

Na boca misturava-se o sabor da chuva insonsa com o doce do sangue húmido nos lábios gretados.

Gotas de suor escorriam-lhe nas fontes, ou seria só chuva?

E o que era aquele sabor salgado?

Não! Não podia estar a chorar agora! Ela raramente chorava.

Pedalou, enraivada com o momento de fraqueza. Não tardou a ver o telhado avermelhado da casinha que tinha alugado. Era ainda fora da aldeia, tinha preferido assim. Prezava muito a sua privacidade. Tinha tido casos, paixões, desvarios, mas jamais tinha baixado a guarda.

Ela era una. Um circulo. Um forte.

Jogou a bicicleta contra a parede debaixo do alpendre e largou o impermeável, no chão.

Meteu a chave na porta, e entrou, deixando poças de água à sua entrada.

Descalçou os ténis e mandou-os porta fora.

Despiu-se pela sala, a caminho da casa de banho. Tomou um banho quente e rápido, vestiu um pijama, e foi para a cozinha.

Preparou um chá, e enquanto esperava a água ferver, perdeu-se na chuva que continuava a fustigar o dia.

Estava sozinha . O silêncio dentro de casa era tão grande, que teve vontade de tapar os ouvidos. Mas não o fez, claro! Era uma estupidez, pensou, abanando a cabeça.

Sentou-se, sem nunca tirar os olhos lá de fora.

Talvez fosse a chuva, ou o frio, ou o chá quente, mas deu consigo a pensar como seria ser de alguém? 

sinto-me:
Original Zumbido por meldevespas às 20:58
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Quinta-feira, 10 de Janeiro de 2008

Estória para adormecer...

Era uma vez uma casa, uma estória de encantar, desapareceu numa asa, estava no fundo do mar. Nela vivia uma menina, atada com duas correntes, tinha tanto frio ali, até lhe batiam os dentes. O frio era tamanho, tamanha era a brandura, acabou por morder a língua , deitou fora a dentadura!

A pobre da menina, que afinal era princesa, ficou toda desdentada, disso podem ter certeza!

Recusando a sua má sorte, de se ver tão desfeiteada , apanhou dois búzios rosados, para lhe enfeitar a queixada.

Naquela casa tão linda, afogada em água e sal, tinha os dedos todos roxos , e a pele da cor da cal.

Entrava-lhe aquele gelo, pelos buracos dos olhos, se ao menos tivesse levado a sua capa de folhos!Mas só tinha um vestidinho, de cetim, da cor do mar, azul verde, dourado, com peixinhos a nadar.

Encolheu-se num cantinho, que estava raso de mar, mar por cima, mar por baixo, não havia que enganar.

Era uma vez uma casa, de uma princesa encantada, a água estava tão fria, ela morreu congelada.

imagem retirada da net

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Sexta-feira, 4 de Janeiro de 2008

de que cor é o céu?

Fechou as mãos na erva e deixou-se ficar ali, deitada. Completamente à mercê do sol de inverno.

A seu lado jazia o avental branco de cambraia, e os sapatos envernizados de botão.

Tinha soltado os cabelos. Sentia-se livre naquela cama verde e ainda orvalhada da manhã fria.

Lá dentro não tardariam a dar pela sua falta.

O almoço acabara de ser servido, e as raparigas da copa fariam o resto do serviço.

Era dia de festa, e o casarão estava cheio até ao telhado. Tinham chegado familiares de longe, amigos dos tempos de quartel do patrão, e até a antiga professora primária da senhora.

Fechou os olhos e uma vez mais sentiu as ervas tenras a ceder à pressão dos seus dedos.

Sorriu. Era puro deleite o que sentia. Fechou os olhos, sem pressas e deixou o sol entrar-lhe pelos poros cansados do buliço dos dias.

Chegara a Tia Maria Rita - soltou uma gargalhada - Oh meu Deus! como as cadeiras se encolhem perante a visão da opulência das nádegas da Tia Maria Rita!!!

E o avô Tomás?!! - deixava o riso correr livre - o avô Tomás peidava-se à mesa, e tossia ao mesmo tempo, para disfarçar! - era um prato o raio do velho! Não conseguia apagar a cara de espanto das rapariguinhas de serviço à mesa, quando à descarada o avô lhe enfiava a mão pelas saias acima.

Esperguiçou-se , e cada musculo seu acordou para a luxúria das ervas tenras. Abriu os olhos com esforço, e fechou-os logo em seguida. O sol estava baixo, como sempre, nestas tardes curtas de inverno.

Mentalmente imaginava a disposição da mesa. 34 lugares sentados! É obra! Tantas e tantas vezes tinha preparado a mesma mesa. A toalha escolhida sempre com muita antecedência pela senhora, que no próprio dia se arrependia e escolhia outra qualquer.

Os pratos de Vista Alegre, tão finos que dava medo olhar, quanto mais mexer! Os copos de cristal que segredavam melodias esquecidas, mal lhes tocavam. Era um prazer para os sentidos, um dia de festa no casarão!

A Tia Avó da Senhora, solteirona, septuagenária , devia estar sentada à direita do dono da casa, era uma exigência do próprio, para bem parecer à velha podre de rica e sem herdeiros que não a sua esposa.

Não pode conter outra gargalhada - a esta hora a D. Ana Maria Pimentel, era assim que se chamava a Tia Avó, já devia ter bebido dois ou três martinis bianco , e já teria agraciado toda a audiência com outros tantos sonoros arrotos!

O dinheiro na carteira daquelas pessoas era um salvo conduto para o disparate e para a falta de educação.

Respirou fundo. O ar estava impregnado de cheiros. Tinham servido uma canja de galinha gorda, e o aroma da hortelã a cair na panela saia pela janela da cozinha e invadia até as narinas mais incautas.

E depois havia o rosmaninho. No quintalão, ao redor de toda a parede do pombal, mimava-se um canteiro de rosmaninho branco. Era perto dali e aquela mescla de odores despertava-lhe sentimentos guardados em ténues baús.

Por detrás do pombal havia uma tangerineira, antiga e curvada, carregava-se de frutos avermelhados no principio do ano.

A folhagem tinha muitas vezes encobrido os seus encontros com o Senhor da casa...ele levava-a para aquele lugar, e sem perguntar de que cor era o céu ou o inferno, tomava-a, e ela dava-se à urgência de um amor feito a correr, e que deixava sempre um travo amargo na boca. Amargo como veneno.

Lá dentro talvez tenham já dado pela sua falta. Ou não.

Estremeceu. O sol estava a cair depressa na tarde, e ela não era dali. Já não.

Levantou-se. Deixou o avental e os sapatos de verniz  sozinhos na erva quebrada e voltou ao seu lugar.

Lá dentro ninguém tinha dado pela sua falta.

Os dias tinham passado, contados pelos seus dedos, em mais do que uma volta, e ela já não era dali.

Abalou como quem paira.

Ficou na terra um travo amargo como veneno. O veneno que lhe tinha adoçado o sono, muitos dias entes daquele.

 

sinto-me:
Original Zumbido por meldevespas às 21:29
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