Era uma vez uma donzela, de peitinho espartilhado
Folhos rendas, rebicoques, coração endiabrado
Nutria tamanha afeição, por um alguém Zé ninguém
O rapaz da estrebaria, mas então que mal tem?
Num acesso de falta de ar, soluçou seu nome em vão
A culpa era do espartilho, mas pagou o coração
Oh Manel da estrebaria!, sufocava a bela e pura
Esta paixão tão veemente ainda me leva à clausura
Em coros de ahs e ohs! A plebe inteira pasmou
"Uma donzela tão casta, e num moço se fitou!!!"
Farto de éguas de pasto, o Manel da Estrebaria
Desatou-lhe o espartilho, tal não foi a ousadia
Porém logo de seguida, o moçoilo recuou
O olhar esbugalhado, incrédulo do que mirou
Então uma dama tão fina, maviosa e delicada
Em vez dos seios altaneiros, tinha uma teta mirrada!
Acaba-se aqui a paixão, decretou ali o Manel
Acaba-se a montaria, vou voltar pró meu corcel!
Ficou a donzela chorosa, e agora ai ai ai
pobre de mim coitada que puxei ao Senhor meu Pai!