Não preciso do teu desprezo...
Rasgas-me o orgulho...
Falava para o vazio. De costas para o objecto das suas palavras.
Era um acto cénico. Um monólogo carregado de gestos coreografados pela indiferença.
"Porque somos tão diferentes......" e isso, o que é?
Uma pergunta?
Uma resposta?
Ou apenas a constatação da tua latente incapacidade de criar laços?
Ouve-me.
Com as tuas próprias mãos, abre uma cova na terra. Sente o cheiro a carne viva que a terra húmida emana, toldar-te o pensar.
Abre fundo...bem fundo, e depois enterra lá o peso das tuas dúvidas. Deixa lá sepultados os restos mortais desse ser que criaste à tua imagem.
Susteve a respiração.
Uma janela aberta alaga de luz o cenário.
Continuam de costas.
Não respondas.... tenho medo de não reconhecer a tua voz...
Sabes que mais?
Eu, inclino-me perante a frágil efemeridade das certezas.
Cai o pano.
Image by Pesare in DeviantArt