Deixou cair o braço com estrondo. As flores desbotadas do lençol entraram em pânico. Está tanto calor!!!
As horas no relógio do móvel arrastam-se no compasso da noite, numa lentidão quase brutal.
Não fosse a garrafa de água na mesinha de cabeceira, e seria já uma passa de uva...os pulmões estão secos, a boca está seca, e no entanto o coração está a afogar-se.....é uma agonia observada pelas moscas em voos rasantes .
O coração está prestes a afogar-se....se não for o calor do breu da noite, vai ser de certeza a profusão de suor que tinge a pele.
Dá outra volta, e depois mais uma, braços e pernas dançam ao som do ranger da cama, ao tom do crepitar das flores desbotadas no lençol; procuram planaltos de frescura, planicies virgens de suor.
Mas tudo parece vão e inutil, completamente inutil...daqui a pouco amanhece, e, a angustia vai acordar, colada à pele como os cabelos revoltos estão agora, e o sol vai levedar a solidão, e logo, quando a noite entrar mais uma vez pela porta do quarto, vai chegar de novo só..só e quente como hoje, como ontem, como a eternidade.